quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sei que estou em Évora quando #5

Saio de casa para a faculdade às 08:20 com uma blusa de manga caveada e nem considero a hipótese de levar um casaco, mas sim o meu chapéu.

A ciência também serve para insultar

Em vez de chamarem deficiente mental a um indivíduo que vos perturba deliberadamente e vos apetece pendurá-lo pelo escroto, experimentem antes dizer 'tens excesso de manganês no organismo'.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Agora perdi a esperança na humanidade

Atentem neste comentário na interpretação de Wilhelm Kempff (rest in peace) do primeiro movimento da Moonlight Sonata, de Beethoven.

Quem se junta a mim para mandarmos o indivíduo para Aushwitz?

Sei que estou em Évora quando #4

Digo que venho de Vila Nova de Gaia e me chamam galega.

domingo, 25 de setembro de 2011

É isto que a Carolina devia ter lido no jantar de quinta-feira

Saudações, meus ilustres colegas, amigos e companheiros de luta.
Entendo que esta noite reinem entre vós a nostalgia e a ansiedade. Por um lado, ao verem os rostos uns dos outros, avivam-se memórias de vivências passadas em conjunto que vos levam de volta ao passado, onde recordam os momentos que vos levaram a construir as relações que hoje, nessa mesa, se ligam como pontes de hidrogénio. A saudade toma o seu lugar e enche-vos um pouco do coração, que ainda assim se sente quebrado, pois não se sente preparado para abrir mão da força que vos une a todos. Por outro lado, cresce a excitação para uma nova etapa que se vai revelando, agora com mais intensidade e que vos enche os sonhos. E se para uns essa etapa é o vosso ingresso no ensino superior, onde vão penetrar numa atmosfera diferente e onde vos esperam experiências novas, para outros essa etapa consiste em lutar com toda a garra contra uma disciplina que vos reteve no secundário.

Eu gostava muito de vos fazer companhia esta noite e partilhar com os meus tão predilectos amigos essas emoções, mas como já devem saber, a esta hora estou em Évora, terra moura e onde vou enfrentar a minha luta também.
No entanto, algo de muito errado se passaria com as leis do Universo se eu me fosse embora sem vos deixar umas palavras, vá, uma quantidade ainda considerável de palavras. E se faço questão disso, é porque o mundo da língua portuguesa sempre foi um dos meus refúgios e onde encontrei uma forma de expressar sinceramente o que sinto, assim como de me partilhar com os outros, e também porque vós sois dignos de uma despedida minha decente. E isto que ides ouvir da boca da Carolina mas que vem do meu coração, é o que não consegui escrever nas vossas T-shirts.

Assim, pessoas que passaram pela minha vida nestes últimos anos, a vossa presença não foi para mim um simples contar de dias ou de conversas, mas sim uma companhia constante no desafio que todos desejámos superar, fostes guerreiros na vossa batalha. O valor que cada um de vós tem para mim é incalculável, independentemente de vos ter sido mais ou menos próxima.

Desejo a todos, de igual forma, que tenham a ousadia de enfrentar os problemas que vos porão à prova, a partir deste dia. Espero sinceramente que a coragem, a força e o reconhecimento de algo mais importante que o medo de falhar sejam palavras que se encontrem frequentemente no vosso vocabulário e que peguem nelas e as tornem em algo vivo, isto é, sucedam nos vossos objectivos, sem medo das adversidades. Sejam fortes em carácter e mantenham-se fiéis aos vossos princípios, se tiverdes confiança na pessoa que sois, então sereis capazes de tudo, e de superar as vossas próprias expectativas.

Se já vivem o fruto do vosso trabalho, então tendes os meus parabéns e deixem-me que vos diga o quão orgulhosa me encontro do vosso sucesso. Se ainda almejam objectivos mais difíceis e que neste momento vos foram impossibilitados, então não desanimeis porque ainda nada foi perdido, aproveitem a queda para fortalecer as vossas asas para que possam voar ainda mais alto e preencher as vossas vidas com realização pessoal.

Na vida nada é dado, tudo é merecido com os gestos e as palavras que emanam do íntimo do nosso ser. Sejam bondosos, gentis e pacientes. Deixem que os bons sentimentos desabrochem na vossa alma e tornem-se mais conhecedores da pessoa que habita o vosso corpo, isso vos levará à tranquilidade de espírito e sereis capazes de encontrar o caminho da felicidade. Todo o ser humano tem a força que necessita dentro de si para enfrentar os obstáculos da vida, nunca duvideis das vossas capacidades nem pensem que não conseguem aguentar alguma situação. Se a coragem e a persistência tiverem ganho raízes profundas no vosso carácter, então tendes a capacidade para vencer qualquer luta. Mas se em algum momento sentirem que não são portadores de tais atributos, podeis contar sempre comigo para vos levantar o rosto e vos indicar a Estrela Polar.

Trabalhai com gosto e nunca percam a curiosidade sobre o mundo, isso fomentará o vosso ânimo e positivismo, sentimentos essenciais para que possam vencer nas vossas existências neste planeta Terra, assim como facilitará a vossa fusão com os elementos da Natureza e portanto, contribuirá para o enriquecimento pessoal de cada um dos meus estimados companheiros.

Acredito que ireis crescer muito com a nova experiência que se avizinha e que a felicidade verdadeira acabará por vir ter convosco , se a deixardes entrar. Nunca se conquistou nada com lágrimas, lamúrias ou negativismo. Pensamentos altos e fortes irão levar-vos para bom porto, confiai em mim. As alvíssaras chegarão para todos vós, eu tenho a certeza que sim.

É impossível quantificar o quanto eu gosto de vós, camaradas, nem o que valeis para mim, apenas sinto cá dentro uma luz brilhante quando penso em todos os momentos que passei convosco. Sois-me muito importantes, muito mesmo, e nunca na vida eu vos recordarei apenas como colegas de turma, sois muito mais que isso, hoje fazem parte da minha vida e todos contribuíram para que eu própria me conhecesse melhor. Agradeço-vos a oportunidade que me proporcionaram em ter sido vossa colega, sinto-me muito grata por poder ter tido uma experiência tão boa convosco. Foi uma honra ter estado ao vosso lado durante estes anos. Muito obrigada.

Esta é a herança que vos deixo, a marca viva da amizade que sinto por cada um de vós.

Da eternamente vossa,
Rosélia

sábado, 24 de setembro de 2011

As superstições da minha avó

A minha avó materna é a pessoa mais supersticiosa que eu já conheci até hoje. Mas um facto curioso acerca das superstições dela, é que não são as mais comuns, do género 'partir um espelho dá 7 anos de azar' ou 'passar debaixo de uma escada é sinal de má sorte', são crenças particularmente curiosas, porque são pouco conhecidas e que até podem proporcionar alguns momentos de diversão ao constatarem-se alguns factos e admito que eu sigo algumas das recomendações dela (mal não fará concerteza).

Então, segundo a minha digníssima avó:
- Portas de casa a ranger é sinal de atraso de vida
- Calçado mal alinhado é sinal de atraso de vida
- Vinho tinto derramado na toalha é sinal de atraso de vida
- Azeite derramado é sinal de falta de dinheiro
- Vinho branco derramado na toalha é sinal de felicidade
- Deitar o lixo lá fora depois do meio-dia, se não se lhe deitar uma pitadas de sal grosso, é sinal de atraso de vida
- Dinheiro em cima da mesa, cama ou chão, e isso inclui porta-moedas e carteiras, não faz o dinheiro render
-Enrolar numa bola e cuspir três vezes para o cabelo que cai durante o banho impede que, caso alguém o apanhe para bruxaria, não faça efeito
- Se o polegar do pé for maior que os outros dedos, a pessoa é dominadora na relação, se o polegar do pé for menor, a pessoa é submissa
- Se numa refeição, a folha de louro calhar a alguém, o mais provável é que essa pessoa não se venha a casar
- Quem dobra o polegar da mão para trás, é sinal que a pessoa vai ser feliz, se não dobrar, é presságio de infelicidade

Penso que estão todas, e já não são poucas, mas se entretanto eu souber mais alguma, escrevê-la-ei aqui também. Acreditar ou não é critério de cada um, mas por salvaguarda, tenham muito cuidado com garrafas de azeite e vejam onde guardam a carteira. In the meantime, deixo aqui o meu testemunho.

Sei que estou em Évora quando #3

É golo do Benfica e o café vai abaixo, é golo do Porto e tenho de esconder a excitação para não ser decapitada.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sei que estou em Évora quando #2

Digo que venho de Vila Nova de Gaia e alguém diz com emoção 'Finalmente, alguém do Norte!'

Sei que estou em Évora quando #1

Acordo de manhã cheia de calor, e ouço duas comadres lá fora a queixarem-se do frio.
Da viagem que fiz e da estadia nesta cidade (fotografia creditada à minha pessoa)


já posso concluir que:


- Os brasileiros acordam às 03:43 da manhã
- Lisboa faz-me comer croquetes às 6 da manhã
- Lisboa faz a princesa D. ficar particularmente bem na combinação de uma trolley e uma manta que passa por capa, ambas laranja
- Croquetes e maçã não é uma boa fusão gástrica
- O Intercidades é uma pila porque não tem fichas de electricidade-
- Évora é anti-trolleys
- Évora é anti-estradas-alcatroadas
- Évora é um óptimo lugar para aproveitar a energia solar, principalmente às 3 da tarde
- Porco preto é bem bom
- Chorar deixa os olhos inchados e a cara (no meu caso ainda mais) feia
- Chorar a ver How I met your mother é sinal ou de insanidade mental ou de depressão pré-suicídio
- Não adianta combinar com o roomate limpar o quarto de manhã

domingo, 18 de setembro de 2011

As 17 coisas de que vou sentir falta na minha terra (sujeito a alterações e adições)

- Mamã
- Quarto
- Ranhoso a quem chamo irmão
- Ranhosos a quem chamo amigos
- Oceano Atlântico
- Intervalo (o café, não o espaço de tempo, oh my Darwin, aqueles croissants)
- Ginástica
- Rio Douro
- Cais de Gaia
- Ponte D.Luís
- Camionetas J.Espírito Santo (Carreira da praia de Salgueiros)
- Lidl de Canidelo
- D. Isabel dos laboratórios
- Aquário da ESAS
- Dois testes por período (às vezes um teste e um trabalho)
- Notas acima de 17
- Caminhadas na areia molhada


 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Como eu o compreendo, caro senhor ou A minha professora de Português ensinou-me coisas fantásticas


"Só o meu sentido de humor impede que cometa suicídio"

Eça de Queiroz


Ah, dezoito anos de evidências em como a minha vida tem sido uma piada.

E agora a minha vida tornava-se numa comédia romântica

Sinto-me tão aborrecida com este mundo.

Olho para tudo com a minha visão Byakugan e só assisto à solidão da passagem dos meus dias.

Oh, que leito de morte se aproxima de mim.

domingo, 11 de setembro de 2011

Se os homens se conquistam pelo estômago

E sim, pelo estômago, que pelos olhos, não ficou bonita.







E foi sem dúvida o melhor molho de francesinha que fiz até hoje.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Qualquer semelhança com sintomas de demência é pura coincidência

A minha relação com os outros é um tanto ou quanto contraditória e paradoxal, isto porque não tenho uma noção definitiva acerca do que as pessoas representam para mim, assim como o que eu represento para as pessoas. E aviso já que este post pode vir a destacar, e muito, o meu lado negro.

Para começar, sempre me habituei à solidão. O nada foi sempre uma companhia constante na minha vida, a falta de contacto e a carência de afectos foram (ainda são) vivências que me vão marcando, e que tiveram o seu papel na minha fraca auto-estima (auto-estima a nível físico, que sou muito fã do meu carácter) e na falta de confiança que tenho nos que me rodeiam. Mas por outro lado, permitiu-me estudar a humanidade num nível mais pormenorizado e construir-me de modo a que eu me fosse aperfeiçoando. Assim sendo, eu sou quem gostaria que fosse para mim, isto é, vou sendo (porque ainda não me conheço totalmente) a pessoa que gostava de conhecer noutro alguém. Por isso é que falo mais comigo do que com qualquer outra pessoa e considero-me a minha melhor amiga. Confio mais em mim do que em qualquer coisa. É como se tivesse criado uma relação com o meu próprio 'eu', eu sou o meu próprio amigo imaginário. Isso faz com que eu seja independente, desenrascada, e com uma grande maturidade para a vida e para as responsabilidade que dela advêm. Eu não preciso dos outros para sobreviver, sou capaz de o fazer, e bem, sozinha. Para além disso, através do meu estudo da humanidade, hoje conheço muito bem as pessoas, analiso-as correctamente sem precisar de muitas informações ou muito tempo, porque aprendi a reparar nos detalhes de cada um, que são os aspectos mais importantes, ou seja, os homo sapiens sapiens vão expondo pedacinhos de si, inconscientemente, mesmo que não queiram, e eu aprendi a pegar nesses pedacinhos e a lê-los. Provavelmente conheço melhor uma pessoa que ela própria. E por isso sei ajudá-la.

Acredito que vim ao mundo para ajudar a espécie a que pertenço, porque sinto um bem-estar muito grande quando sou capaz de dar auxílio. É como se todo o meu interior ficasse em júbilo por ter encontrado o caminho da felicidade para uma certa pessoa, aliás, para qualquer pessoa. Não tenho quaisquer problemas em conversar, aconselhar ou confortar um completo estranho que me pareça infeliz. Tanto que creio que é uma falha da sociedade. Os indivíduos passam uns pelos outros, todos os dias, e não há qualquer tipo de comunicação nem conhecimento. O ser humano é reduzido à meia-dúzia de relações que estabelece.

Mas eu recuso-me a viver assim. Não sou capaz de olhar apenas para mim ou para quem me é relativamente próximo, tenho necessidade de falar com estranhos, conhecer estranhos, ajudar estranhos, como se precisasse que a minha voz se fizesse ouvir nos quatro cantos da Terra. Porque eu tenho tanto para dizer, tantas ideias correm na minha cabeça, sobre tudo quanto pode existir, e eu quero partilhá-las com toda a gente. Provavelmente parece completamente anormal eu perguntar a uma pessoa aleatória se ela é feliz, ou se precisa de desabafar com alguém porque tem um olhar triste, mas é o que eu faço constantemente. O ser humano preocupa-se com o que se interessa, e eu interesso-me pela humanidade inteira. Já levei todo o tipo de respostas e insultos nessas ocasiões, mas por vezes compensa. Um dia estava na paragem de autocarros e perguntei à senhora que estava do meu lado se ela era feliz. Instantaneamente os olhos da senhora humedeceram-se e ela respondeu-me que tinha um sofrimento muito grande, que o filho era toxicodependente e nem ela nem o marido sabiam o que fazer para o salvar. E continuou a desabafar, e eu dava-lhe a mão e palavras de ânimo para que continuasse a sua luta pelo filho. Quando a camioneta dela chegou, disse-me que falar comigo a tinha ajudado. Não consigo descrever o que senti, tinha conseguido encaminhar alguém para o caminho da persistência, para além de ter aliviado a dor dessa pessoa. E a partir desse momento, percebi que essa senhora tinha valido por todas as que me trataram mal quando falei com elas. Afinal, quantas vezes tudo o que precisamos é que alguém seja capaz de ver a nossa dor e perguntar-nos o que se passa?

Eu toco às portas dos corações de toda a gente, mas só quem me abre a porta é que me permite entrar e aliviar o sofrimento que lá possa haver. Não sou capaz de resolver os problemas, porque cada um é responsável por isso, mas sou capaz de dar as soluções. Eu mostro o caminho da felicidade e da liberdade, mas têm de ser as pessoas a segui-lo, que não posso forçar ninguém.

E é exactamente por eu ter aprendido a não confiar totalmente em alguém, que as pessoas podem confiar totalmente em mim. Sou um autêntico porto seguro, para qualquer tipo de barco.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Priceless

Questão que me persegue desde a meninice #3

Sofre-se mais quando a dor vem quando corre tudo bem ou quando já tudo corre mal?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Reflexões e outras mariquices

Gosto particularmente de hospitais. Mas a ideia que eu tenho de um hospital é completamente absurda, tendo em conta que hoje passei a manhã num e só me queria vir embora.

Na minha cabeça, um hospital é um local de repouso e cura, onde os profissionais de saúde colaboram uns com os outros, com respeito e estima pelo trabalho de cada um, onde há alegria e optimismo, onde os utentes têm um lugar adequado para esperar e uma estadia cómoda enquanto recuperam de alguma intervenção médica, onde todos os organismos conspiram para que a higiene se mantenha e todas as pessoas envolvidas por esse ambiente possam exprimir tranquilidade.

Mas é o completo oposto. Utentes recaídos em bancos de plástico, a ler revistas do ano passado ou com o tédio estampado no rosto, enquanto esperam para serem atendidos e pensam nas burocracias necessárias para serem merecedores de cuidados. Os médicos passam em duos, trios, grupos pequenos, a conversar alegremente e a beber café nos copinhos brancos, sem tomarem uma atitude perante o que vêem, como se fossem turistas ricos na Índia, sem darem conta da pobreza do povo. Os enfermeiros idem, mas desta vez vão sozinhos, como amantes que se encontram às escondidas e precisam de combinar uma hora diferente para aparecer de novo no salão do baile. Quem eu vejo a trabalhar e a preocupar-se com os utentes são os auxiliares e os voluntários, que aparentemente são o fundo da hierarquia, mas que agem como os verdadeiros curandeiros, que movem lençóis e fronhas lavadas, que alimentam quem não consegue pegar num garfo, que oferecem o pequeno-almoço a quem está em jejum, e que ajudam quem tem dificuldade a andar. Está tudo ao contrário.

O ar respira-se com dificuldade, e tem o cheiro da entrega à dor e ao sofrimento, às lamentações e ao aborrecimento. As salas de espera são rudimentares, como se fossem um curral para despojo de animais e que se vão resgatando um a um. O ambiente sabe a tosse, a escarro e a febre, uma febre fria, densa e obcecada. As enfermarias são vazias e secantes, camas brancas, uma 'poltrona' e uma televisão ligada num canal aborrecido.Sentem-se os desabafos mudos dos doentes, que gritam socorro mas não conseguem abrir a boca.
E quem são esses doentes? Quem são as pessoas que passam os seus dias numa hostilidade cruel? São idosos, praticamente. Seres que não têm alegria na vida e deixam-se refugiar nos braços da velhice e da doença, que encontram nos hospitais uma desculpa para sair de casa e conversar um pouquinho. Não se iludam quem acha que um hospital tem o ambiente de uma série americana. Não. É um centro geriátrico, e é por isso que, segundo a minha opinião, se assiste a tal desequilíbrio profissional. Não há diagnósticos enigmáticos nem casos complicados. Há velhinhos que precisam de uma palavra de apoio porque já perderam toda a auto-estima e se sentem cacos da sociedade, um fardo para o mundo.

Hoje estava a ajudar uma senhora a levantar-se e a equilibrar-se nas muletas, e ela diz-me 'Quando não há família ou quem se preocupe connosco é assim. Às vezes as pessoas de fora são mais queridas que os nossos. Deus lhe pague'. É triste não ter ninguém e passar a etapa final da vida completamente sozinho. E infelizmente este fenómeno vai aguçar-se, devido ao envelhecimento progressivo da população.

Mas é isso. Um hospital é isso. O oposto total da minha visão, enquanto filantropa e aspirante a médica.

As palavras estão sobrevalorizadas- respostas

TehTeh: Se há 99 Smurfs e uma Smurfina, e são todos filhos do Grande Smurf, quem raio é a mãe das crianças?


 Sara S.: Como se fazem gifs?


Sara S.: O que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
 

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Google hoje *.*

Fabuloso. Nada mais precisa de ser dito.



sábado, 3 de setembro de 2011

A minha cabeça dava um livro de filosofia 2.0 ou Este post foi inspirado num dia de muito choro e rímel borratado

Eu sei, afirmo e confirmo que sou muito céptica (cética para me acomodar ao acordo ortográfico) no que diz respeito às relações de casal. Não acredito nas relações convencionais, isto é, nas lamechices que invadem as bocas e os ouvidos dos senhores apaixonados, nas conversas 'que fazes?' quando se esgota o assunto, nas provas de amor e presentes caros que demonstram o que vai na alma, nem muito menos na ideia de que um casal que está certo tem a vida facilitada e sem angústias.

As palavras têm um valor muito grande para mim, são a melhor forma que eu encontro para exprimir o que eu penso, mas sei que há um tempo para cada palavra e para cada frase, principalmente se forem palavras que têm um significado particularmente especial. Não dizer 'eu amo-te' todos os dias não é sinal que não se ama, pelo contrário, retira valor à expressão se for dita sem aquela pulsação rápida no coração e o olhar nos olhos.

Desse modo, também há tempo para falar e tempo para o silêncio, tempo para o casal, tempo para uma leitura solitária, tempo para trabalhar e tempo para o divertimento pessoal. Assim, prefiro conversas ricas em ideias e sentimentos, diálogos de conforto, porque pode ser necessário apenas falar com a pessoa, sabe bem ter um marco desses por dia, do que palavras vagas e sem sentido, ditas por obrigação.
Também não acredito em provas de amor, acredito em gestos de amor, porque não se prova um sentimento, ele simplesmente se expressa e cria maneiras de se tornar visível, e isso é um verdadeiro presente, quando se partilha um pouco do interior que se sente com o exterior que se vê.

No entanto, e sendo este o verdadeiro sentido deste texto, mesmo falando eu com toda a validação que exista neste mundo, deparo-me com a realidade contrária, as minhas relações são as que falham redondamente, as que terminam da forma mais chuvosa e com um amargo rasto de sofrimento que se prolonga pelos meus dias. Por muita força que tenha e por muita determinação e confiança que tenha na minha ideologia, o amor sempre me foi uma vivência triste, apesar da felicidade de partilhar o meu âmago com alguém com quem tenha uma grande afinidade. O rompimento da ligação é algo que me marca muito, porque, apesar de raramente me abrir emocionalmente, quando o faço, é uma entrega muito profunda, que mostra a minha maior vulnerabilidade. Um risco a correr pela felicidade que se busca, digo eu.

Para ser sincera, nunca compreendi porque acabou, por muitas explicações que oiça, há sempre algo que falha e que não me explica onde foi o erro, o que fiz eu de incorrecto. E digo eu, porque nunca fui quem quebrou o namoro.

É da minha natureza de carácter lutar por aquilo em que acredito, mesmo que a vida se torne um autêntico espinho de rosa, nunca fui de desistir perante os obstáculos (e se calhar é por isso que já me humilhei e perdi bastante nesta vida, porque sempre me arrisquei a ganhar) e no entanto, nunca soube o que é o contrário, ter alguém que queira lutar por uma relação comigo. E não, isto não é a carência a falar, é a vontade de saber o que é, sentir-me segura no amor.

E agora que releio isto parece que escrevi um desabafo de lamúrias, e se calhar até é, para quem lê, mas para mim é um desabafo de conflitos e dúvidas que me corroem o encéfalo, Fernando Pessoa não faria melhor, tenho a certeza absoluta. E no entanto, não me estudam no 12.º ano.