terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A minha cabeça dava um livro de filosofia 3.0

No fundo acho que tenho medo de ser feliz. Não, não acho. Sei. Nunca fui feliz porque sempre tive medo desse sentimento. Medo de gostar tanto dele que se um dia deixasse de o ter a minha vida se apagasse. Como se fosse uma pessoa. Já gostei muito de pessoas, e quando elas se foram embora senti uma dor terrível no peito, o sofrimento (in)terminável da perda. Daí que comecei a interessar-me mais pela felicidade dos outros do que pela minha. Tanto que vivi a vida dos outros como se fosse a minha. Entranho-me demasiado nas pessoas que quero ajudar, começo a sentir que sou a responsável por elas, vivo a emoção delas, vejo-me nelas e decido por elas. E assim, por um momento, saboreio um pouco da felicidade que não é minha, mas delas. Desenvolvi um mecanismo de defesa para não pensar em mim. Porque se pensasse em mim, eu não veria felicidade em coisa nenhuma.

E eu?

Sempre achei que a felicidade fosse coisa de justiça, mas não, é coisa de atitude. É como no amor. E recentemente percebi que para ser feliz com alguém e amá-la ao mesmo tempo, não posso ter de ajudá-la. Não posso querer salvar quem amo. Tenho que deixar cada um lidar consigo mesmo. Tenho que lidar comigo mesma. Não esperar que chegue alguém que me tire do precipício. Não posso precisar nem ser precisa. Amar nunca foi salvar. Nunca foi ser dependente de alguém. Nunca foi uma questão de 'sem ti não consigo viver'. O amor nunca se daria a tanta obsessão, nunca sucumbiria em tão pouco desespero. O amor nunca precisou. O amor nunca foi tão fraco para morrer nas mãos da dor nem para nascer das cinzas da mágoa, nunca foi o herói enevoado, nem a fénix adormecida.

Sem comentários:

Enviar um comentário