segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Universo tem um grande sentido de humor

Quando eu andava no sétimo ano, havia uma rapariga na minha turma que, à primeira impressão, era impecável, absolutamente simpática e carinhosa para todas as pessoas. No entanto, essa imagem não passava de uma película de plástico que a dita cuja colava na cara todas as manhãs e que lhe escondia a verruga de bruxa má. Um dia, a rapariga (vou chamar-lhe JP) esqueceu-se de colar a película à cara e então eu pude ver que ela era a pessoa mais fútil, desagradável e snob que eu já tinha conhecido. Interiormente, era horrivelmente feia. A partir desse dia, eu fui humilhada, escorraçada e gozada a todo o vapor, aliás, acho que foi por causa desse ano que a minha auto-estima é o que é.

Devo começar por dizer que nunca tive roupas boas. Até esse ano, falarem-me em shopping era como se estivessem a falar em mandarim. Não conhecia nenhuma loja de marca, para comprar o que quer que fosse ia à feira (quando havia uns tostões para lá ir) e no entanto, não tinha vergonha de mim. Mas tudo isso mudou quando a JP iniciou o seu massacre à minha (até essa altura) ingénua e inocente pessoa. Primeiro, começou por me tirar o rapaz de quem eu gostava (ah, nunca a hei-de perdoar por isso, quem sabe se hoje eu estaria feliz com um esgaziado que inala mais ganza que oxigénio) e posteriormente, sem eu contar, vinha-me ver as etiquetas da roupa e escarnecia com todo o sarcasmo 'ah, eu não conheço essa marca, é cara?' e eu respondia 'hmmm...não é de marca...hmm'. Todos se riam de mim, e eu não percebia o por quê. Era assim tão vergonhoso não ser rica? A JP pavoneava-se com a sua ZARA e Tiffosi, Pepe Jeans e H&M, e exclamava que os seus pais empresários lhe iam oferecer isto e aquilo.

Eu comecei a ser a pobrezinha, a coitadinha, a que não conseguia estar à altura dos padrões de alta popularidade da época...comecei a ser rejeitada e era constantemente a vítima da saga 'What not to wear'. A minha atitude ao início era de 'I don't give the smallest fuck', mas com o tempo passei a sentir-me deslocada, posta de parte. E podia não ter as coisas que eles tinham, mas era limpa e higiénica.

No entanto, e esse é que é o cerne deste post, um dia a minha mãe foi à feira e eu fiquei em casa. Quando ela regressou, estava eu a ver televisão, e ela interrompe-me o Tom&Jerry e diz-me assim:

- Olha lá, sabes o que fazem os pais da JP?
-Ela diz que são empresários, porquê?
- É, é, são empresários o tanas! Sabes os senhores a quem eu compro o queijo e o presunto? São os pais dela. Fui lá hoje e a cara da mulher parecia-me familiar. Depois é que me lembrei dela da reunião de pais. Pois, é a mãe da tal JP.

Eu não consigo descrever por palavras a minha reacção, mas deve ter sido do género



Vai-se a ver e a pobrezinha é que indirectamente anda a sustentar a ricaça, sim, porque a minha mãe era cliente assídua da tenda dos pais dela. Que por acaso vendem um presunto fabuloso.

Well, I guess that's the definition of the word irony.


3 comentários:

  1. isso parece um filme...vai-se a ver e agora as marcas todas dela eram contrafeitas...haha

    xoxo

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  2. Eh pah,foda-se...

    Karma does everything,don't worry

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  3. A minha reacção foi semelhante à tua... Nada que eu diga neste momento pode ser "legível", relativamente a este texto.

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